segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A tristeza dos olhos calados













No véu da noite sem vida
Suicidei sentimentos inférteis
Despi min ’alma ferida
Semeei meus sonhos inertes

O som de uma palavra suprimida
No silêncio dos lábios cansados
A amargura de uma carícia omitida
Na tristeza dos olhos calados

Meus lábios enxergam ao longe
Sentem saudade e procuram o corpo
Lábios que exultam a beleza
Que choram à noite lembrando do gosto

Meus olhos te beijam no escuro
Revelam meus segredos e confessam meus pecados
Olhos que omitem a tristeza
Que sorriem embuçando um coração em pedaços

Presente do presente, passado, futuro engano

 Na necessidade que sinto de amar
Eu me pego a pensar
Fico olhando a vida passar
E aguardo meu dia chegar
 Vou vivendo e enquanto isso
Percebendo o quanto necessito
Olho para cima e agradeço tudo que tenho provido

Tudo é lucro
Tudo é nada
Tudo é tudo
Tudo passa

Ariany do Vale
Poetisa

Animação ou excitação intensa e geralmente curta


O amor não é,
foi.

Sendo apenas, do seu fim,
a recusa constante.
Embora tenha já se acabado
naquele exato instante
em que demos por ele.

Não, amor não é,
foi.

Embora seja ainda sempre
a falta que é
do que fora a de repente.

João Nunes
Poeta

MetropOlinda

A noite não é mais escura,
Pois a metrópole mantém-se acessa,
O sol e a lua são o que menos importa,
O homem já fez sua luz própria
Ou ao menos inventa, pensa,
Faz de cimento sua semente,
Independentemente do que aconteça, daqui pra frente...
Progresso, sucesso, fumaça, fracasso e recomeço,
O resto é capricho.
O único bicho no mundo tem nome de homem,
O resto é pelúcia.
A florzinha já se sente em sua própria mata.
No décimo quinto andar de um apartamento
Ou talvez, não morra por poder se ver do alto,
Aceita sua raiz feita de asfalto
E realiza seu antigo sonho de ser árvore.

Danila Sousa
Poetisa

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Poema número II




Há uma parte de nós
Em que nos encontramos
Diariamente sufocados.
Há uma parte de nós
Em que nos afogamos
Para sempre profundamente
Mergulhados...

Há uma parte de nós
Em que habitamos
E há outra em que nos esquecemos.
Há uma parte de nós
Em que nos abandonamos
No limiar do dia
Que vai morrendo.

Poema da desolação




Não sei por que vivo
Entre fantasmas
Com as mesmas aparências
E as mesmas solidões...
Estou longe das casas
Em que habitei;
Estou longe dos lugares
Por onde nunca andei...

Vago, sempre e diuturnamente,
Pelos caminhos que deixei.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Levianamente simples


A arte do amor
O poder da guerra.
A vitória que conquista
O tempo que se vai.
A música que se sente
Paz que se faz.
Nada como o sol quando beija o amar
E a lua quando vira sol.
Um só pensamento.
Uma só emoção.
Um só momento.
E um coração.
Um não saber querendo
E um eu te amo, rasgando torto nos lábios.
Se me perguntarem de onde venho?
Não sei, sou de outra galáxia.
Pra todos e pra mim.
A vida é leve, é simples assim.

Ariany do Vale
Poetisa

Bipolar



Eu gostaria de tê-lo
Mas se eu o tivesse
o outro eu não teria
Eu gostaria de beija-lo
mas se ele eu beijasse
o outro eu não beijaria
Eu gostaria de toca-lo
mas se ele eu tocasse
o outro eu não tocaria
Se nele eu pensasse
no outro eu não pensaria
Mas se nos dois eu penso
tudo fica tenso e logo
eu os dispenso
Se um eu amasse
o outro eu não amaria.
Mas como os dois eu amo
Depois de tantos anos
nenhum eu possuo

Sidileide Rêgo
poetisa

Retrato do Tempo



Imagens soltas em um distante espaço
Faces, cenários encontrados no tempo
O movimento das cores desfaz o embaço
Histórias colidem no relento da vida
Melodias antigas, remotos momentos
Palavras e frases de horas perdidas
Dores e glórias de um sonhar juvenil
Sorrisos que envolvem as belas memórias
Retrato dos filhos da geração do vinil...

Ana Rita Dantas
poetisa

Meu deserto, uma escuridão.




Há um espaço aqui dentro de mim
feito um deserto, nunca antes habitado,
nunca antes explorado.
Puro e virginal.
E o que vejo são miragens, o que sinto
são pegadas de quem nunca andou por lá.
Oh!, deserto de areia quente e brisa gélida,
por que raios não permite que te toquem,
que te explorem?
Se teu sol é tão incandescente, por que então
não afasta a escuridão?
E quando ele começa a me aquecer,
o escuro da noite toma de conta novamente.
Faz frio quase sempre e a escuridão prevalece.
Estou sempre à espera que um andarilho deixe suas marcas lá!

Janaine Martins
Poetisa

Olhar negro



Seu olhar é negro
negro como a noite
que me cobre
como uma sombra
que me persegue
e me refugia           

Quando meu olhar
se choca com esse olhar
meu corpo paralisa
meu sangue se refugia

Ha uma bondosa confissão
em seu olhar.
Que me aflige a alma
e meu coração.

Meus desejos se prenderão
nesse teu olhar.
Olhar segredado
que me afeta
como uma chama
recém acessa.

Sidileide Rêgo
Poetisa

Ao amor que se foi: uma canção


É tão difícil meu amor
Adormecer e não sonhar
Com os nossos sonhos em comum
Com o encontro de um olhar.

A minha vida não está escura
Mas já não tem as mesmas cores
Iluminadas pelas tardes
E perfumadas pelas flores.

Foste amor, como uma brisa...
Restou-me apenas uma canção
Daqueles versos não confessos
Que consumiu meu coração.

Ana Rita Dantas
Poetisa

Talvez



Talvez tenha sido verdade
Talvez tenha sido ilusão
Talvez sim
Talvez não
O talvez que sempre existiu
E o amor que talvez não
Talvez a vida seja longa
Talvez seja solidão
Talvez viver
Talvez morrer
Talvez ódio
Talvez amor

Ariany do vale
poetisa

Fendas


Me flagrei a vagar por entre ruas,
Velhas conhecidas minhas... 
De outros tempos,
Das fendas tuas.

Fui ao teu encontro –
             Inconsciente
E na tua varanda,
Saboreei ainda ébrio,
Lembranças tímidas
Que de ti persistem,
Traidoras do meu ego.

Não sei se me viste,
E despiu-se da amargura
Ou me desprezaste,
Ignorastes-me...
Entretanto a vi,
E a imaginei a meu modo –
                                   Torto
                                   Indisciplinado,
E sucumbi às paixões que tu exala.

Embrenho-me em tuas lacunas
E a faço real em meras fantasias ...
És meu capricho,
Meu inverso,
Meu tormento...
Castelo de areia que se arruinou
Em meu frenesi.

Rayane Medeiros
Poetisa

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Agridoce


Eu, que tanto te escrevia
Embora poeta fosse
O teu sabor desconhecia
Agridoce.

Minha alma, sentindo-se viva
Lançou-se e não olhou pra trás
Como um barco à deriva
Sem cais.

Encerra-te em mim, antes mel
E me maltrata com dor
Sinto teu sabor de fel
Amor.

Desencanto


A paixão que veio
Sem nenhum freio
Inebriante como vinho

Ascenção e queda
Duas faces da moeda
Estar a dois, sozinho.

Olimpo


Estou deixando o Olimpo
Porque não é o meu lugar
Não cabe a mim julgar

Em busca de um coração limpo
Deixei o orgulho ir embora
E espero da alma a aurora

Faço-me servo, o mais imperfeito que já se viu
Faço-me senhor de mim a condenar meu eu vil.

sábado, 8 de outubro de 2011

Indiferença




Meu caro,
Se eu cego
É porque mudo!

Basta!

Aquele caroço - insignificante
Pode se transformar em câncer.
E antes a morte, do que alimentar uma doença;
E antes a vida, contra esta indiferença.

Indiferença




Meu caro,
Se eu cego
É porque mudo!

Basta!

Aquele caroço - insignificante
Pode se transformar em câncer.
E antes a morte, do que alimentar uma doença;
E antes a vida, contra esta indiferença.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sem limites






















Regresso aos teus braços
Ao teu corpo que me espera
como se fora a vida inteira o meu lugar,
Minha morada!
Tua boca me acolhe,
Com beijos molhados,
Com sua língua atrevida.
Teus olhos me velam,
Me secam, me consomem a imagem.
Vens até mim e me recebe em teu íntimo
Instala tua língua em meu seio, meu mamilo,
Que te aguarda,
Que te implora.
Esqueço o cansaço e em ti me refaço.
Aqueço minha libido no calor de tua pele,
Que mais parece um corpo em febre
Febre que também sinto agora,
No meu corpo que em chamas segue o teu ritmo
E no teu fogo se demora.
Trago-te a mim
Meio que a implorar por teu vigor.
Minhas mãos ansiosas
Passeiam em tua pele enquanto meu paladar devora o teu sabor.
Nos consumimos sem fim
Sem limites, sem pudor
Mas o soar do relógio nos dá conta do tempo que se passou
Hora de regressarmos à rotina
E em meio ao cansaço,
Ao fôlego que nos falta,
Reclamo outra vez o teu corpo,
Imploro por mais um pouco,
Um pouco mais de amor para este louco
De ti jamais saciado...




quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O outro




Para Jorge Luis Borges

Onde estou quando não estás comigo?
Por onde sigo quando não caminhas ao lado
Desta sombra sempre minha?
Por onde ando, quando comigo não prossegues
Na vertigem deste dia,
Tal uma carta num baralho,
Um terrível itinerário?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Nem só de pão



Minhas palavras não planejam
Vôos longínquos
Mas eu mal acabo o pensamento
E já não as alcanço...
São de fato fugidias
Como dizia Cecília

Enquanto o corpo pede um prato
A alma pede refúgio
Nas notícias distantes
Das notícias deste mundo

Não posso pedir pão
Se foi me dado o desejo de voar
Não posso dar pão
Se só as palavras libertam...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Eu, Pierrot


Eu, Pierrot
Cansado de mim
Vou me tornar Arlequim

Eu, que de amor
Cansei de chorar
Não quero mais lembrar

Desse amor agonizante que me alucina
Não quero mais te querer, Colombina.

domingo, 2 de outubro de 2011

Peregrino II




À Madame M., com todo o meu prazer.

Na saudade que teu corpo me deixou
(Sombra de uma manhã sem destinos)
Há uma carne banhada de tua ausência,
Há um fantasma me acenando do limbo
Mortal que me macula o pensamento
Como quem desenha seu tormento...

Na saudade que teu corpo me deixou
Há meu perfume impregnado em sua pele,
Há uma vela sempre acesa sobre a mesa
Decifrando o fantasma que me persegue
Nas cruciais horas em que me assassino
Em ruas escuras, esfarrapado peregrino.

Desse egoísmo insano e profundo,
O de sentir-me em ti como perfume,
O de ater-me ao teu passo profano,
Fica sempre essa mancha, esse ciúme
De ver-te e não ter-te aqui comigo,
- Sombra da noite, porto, abrigo...