sábado, 5 de maio de 2012

Árvore

Prostrado
O marido acordava
Comia
Sujava um prato
Cansada
A esposa levantava
Lavava o prato
Nem bem enterraram o velho
A viúva sexagenária
Pediu que lhe arrumassem
Uma muda de alguma coisa
Plantou-a bem na varanda
A Planta cresceu
As folhas caíram
A velhinha então
Encheu baldes e baldes
Das folhas de sua arvorezinha
Sempre reclamando do Sol
Sempre feliz
Por ter uma arvorezinha
Que derrubava folhas o bastante
Para encher vários baldes
E Preencher várias tarde vazias.

Samuel de Oliveira Paiva
Mossoró,
05/05/2012

3 comentários:

  1. muito bom. Elas têm essa tendência não é? Os maridos conseguem ser os mais chatos e mandões que se possa imaginar mas quando eles morrem elas sentem-se as mulheres mais sós do mundo. E vice-versa. A presença do(a) parceiro(a)por tantos anos, por mais que a relação possa não ser das melhores, não é algo que se ultrapasse. O ser humano é belo : ).
    Gosto do Blog, passem pelo meu :D (http://aspalavrassoltasporai.blogspot.pt/)
    Abraço.

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  2. O retrato da solidão na metáfora dos baldes, sendo cheios com pensamentos dispersos, de tardes vazias, de folhas vazias. Muito bem dito
    Eu tambem tenho um blog passa lá!!!! dulcecore.blogspot.com

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