segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Só me resta viver


Todo dia é uma viagem
E a estrada dá muitas voltas.
Um dia eu sou imagem,
No outro, pensamento...
Um dia eu me perco,
Afasto-me do meu intento...
E me encontro em outro mundo
No qual sou toda desalento.

Mas que incrível essa viagem
Que me trouxe brilho aos olhos,
Nervos à flor da pele
E roubou toda a minha atenção.
Não sei se hoje sou inocência
Ou se sou toda pretensão.

Degusto estas sensações
Como um enófilo ao sabor do vinho,
Lentamente... e tomada de emoções
Aquela que desconhecia o desalinho.

Nesta indecente viagem que chamam de vida,
Todos estão expostos à dor e à ferida.
Foge o prudente da vida que o cerca,
Mas, hoje, a prudência me deixou...
Que me alternativa me resta?

Yáskara Fabíola
Poetisa

I


Queria um dia alcançar os grandes feitos
Dos poetas que levo comigo no coração.
O drama das suas vidas, a tristeza das suas realidades.
Faz existência em mim, como a luz na escuridão!
São eles que dão sentido à vida eterna do meu ser.
Cresce em mim o desejo sofrido de conquista,
Dor de um desejo inatingível e sede de ter...

Sonharei até ter palavras sagradas para ditar.
Elas não são fruto da ilusão, são receios,
São angústias, amores e solidão...
Sou um ser sofrido, triste e de paixão...
Este é o meu motor, a minha raça e a minha dor.

Estas que, para mim, são sagradas, são banais...
De todos aqueles que as possam ler e não as entender,
São gotas de chuva no oceano de emoções...

Joana Fernandes
Poetisa

Amor viral



Você só quer me ver sofrer,
Mas, infelizmente não sai da minha cabeça...
Dessa paixão não pude me defender,
Só quero que um dia eu te esqueça...

Esse amor é como um vírus na minha mente,
É algo que me atormenta dia e noite...
Não queria te amar intensamente,
Só quero que um dia possa livrar-me desse açoite.

Sei que vou encontrar alguém que me ame de verdade.
Alguém que, comigo, se importe...
E que, no coração, não tenha maldade...
A esse alguém serei fiel além da morte.

Malu Naara
Poetisa

sábado, 22 de setembro de 2012

Vestes




O aceito como minhas vestes -
Cobrindo ou despindo minhas vergonhas.
                                               
O aceito como se fosse minha própria carne;
                                   Meu sangue;
                                   Meu ego em demasia.

Aceito tão somente porque és meu ser habitando outra pele,
E me completas quando em suma,
Penetra minhas lacunas.


Rayane Medeiros,
Poetisa

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Guerra humana


Homens exaltando homens,
Mesma raça em diferentes classes
Curvações diante de deuses de carne e osso
Várias origens, diferentes faces.

Escolhidos por quem não escolhe,
Deus não quereria entregar o mundo à perdição
Permitindo que os reis comandem a vida e a morte
Sendo tratados com exaltação.

Desigualdade banhada com sangue,
Sangue dos próprios irmãos.
Igualdade de longe olha
A destruição de toda nação.

Verdadeiro ser escondido
Por traz de agradáveis frases,
Inveja nos olhos dos inimigos
Que se fazem de amigos para que despercebidos passem.

Prepotência aliada à ganância
Ilude a cabeça daqueles que se julgam fortes.
Soberba fecha os olhos dos homens
Fazendo-os quererem sempre ser os melhores.


E todos os maus sentimentos
Se reúnem para a guerra
De homens contra eles mesmos
Bandeira branca só debaixo da terra.

Pisar em cabeça como degraus,
Assim caminha a humanidade
Com passos duros na escada da vida
Que nunca viverão de verdade.

Jéssica Lima
Poetisa

Diálogo de suspiros


ELE:

Sob esta noite de estrelas,
Abro meus braços ao mar
Que reluz como negro ouro
E lanço meus beijos ao vento,
Na esperança de que cheguem
Até bem perto de ti.

ELA:

Que, ao sentires a brisa a te tocar,
Possas desfrutar do calor dos meus lábios
Acariciando a tua aveludada pele,
Saldando a dívida que a cruel saudade
Alimentou, incessantemente, nos porões
Das nossas almas enamoradas...

ELE:

Oh, meu amor…
Sei-te longe, mas sinto-te perto!

São teus braços que me amparam
Na solidão da noite escura,
São tuas brandas carícias
Que sorrisos dão ao meus dias,
São tuas doces palavras
Que inundam a amargura
De meus tristes sonhos!…

E em inquietações desperto,
Por ti procurando, a meu lado,
Na emudecida frieza do leito
Feito de lágrimas e de suspiros.

Um dia, amor, um dia…
Segredar-te-ei cada eco
Que ribomba em meu coração
E, com rimas que só eu sei,
Erigirei o derradeiro poema,
Aquele que, entre sussurros,
Dirá o quanto eu te amo,
O quanto eu anseio
Pela luz do teu olhar.

ELA:

Não temas as noites frias, meu amor,
Pois, para cada suspiro teu,
O meu afago mais sincero;
Para cada lágrima tua,
Um verso meu de conforto,
Uma nota de saudade –
Aquela que só aumenta o desejo
De te ter em meus braços,
Acalentando cada sussurro
Desse teu cintilante coração
Que, ao chamar por mim,
Descompassa o ritmo do meu.

Também te sinto perto, amor meu...
Mesmo que a distância insista
Em nos desafiar; mas… não temas!
Desta batalha vencedores seremos!
E, como doce recompensa,
O mais puro dos sentimentos
Nos concederá a sua companhia,
Pelo resto de nossas existências.

Lavínia Lins & Pedro Belo Clara
Poetas

Confissões


É por tanto te amar
Que te liberto, meu amor –
E não mais as cruéis milhas
Nos farão sofrer e ansiar.
Perdoa-me se assim julgo,
Perdoa-me se me afasto
Para curar minhas feridas
Na cabana do Tempo Eterno,
Mas… o coração não suporta
O peso de mais uma chaga.
Nunca um amor me doeu tanto,
Nunca me dilacerou tanto assim…
Talvez nunca um outro tenha
Sido tão sólido e deslumbrante
Como aquele que trouxeste em ti.

Sejamos livres! E nossos sorrisos
Continuarão sempre paralelos,
Pelas curvas e rectas do caminho,
Até que o sol se ponha por sobre
Todos os que fincam seus passos
Na dócil areia dos anos fugidios.
Talvez em um outro qualquer lugar
Os ventos nos fossem favoráveis,
Mas nestes dias de denso negrume
Não há embarcação que resista –
E que tal saibamos aceitar.

Ah… É por tanto te amar
Que te liberto, meu amor!
Estende estas veras palavras,
Cinzeladas pela dor que punge.
Não derrames qualquer lágrima –
Delas não serei merecedor;
Não suspires sequer por mim –
Não serei eu o teu eleito.
Já tanto nos amámos, em silêncio,
Já tanto partilhámos à sombra
Dos dias avidamente consumidos –
E que isso, por ora, nos baste.

Hoje, nada para nós converge…
Desígnios dos Deuses? Não o sei…
Apenas que todo o porquê comporta
A sua infalível e justa causa.

É por tanto te amar
Que desejo erradicar esses soluços,
Essa angústia do impossível;
É por tanto te amar
Que te sopro pétalas como quem
Cala o impulso de um fervor;
É por tanto te amar
Que te liberto… meu amor.


Pedro Belo Clara
Poeta

Esse teu olhar


Afixada nesse teu encanto, eu canto
E sinto, sinto devagar
Meu corpo flutuar
Num vazio que logo é preenchido.
Em poucos minutos deparo-me comigo
Submersa nessa amor, e assim prossigo...
Nada é mais doce que esse teu olhar
Ah como é penetrante, nítido,
Verdadeiro como o azul do mar.

Aridiana Dantas
Poetisa

Da vida um livro


O livro da vida nos permite
Escrever desejos e sonhos,
Mas é na prática que nos esforçamos
Para realizar nossos planos.

Cada folha um dia
Em cada dia uma lista
De coisa e pessoas
Que queremos registrar na vida.

Algumas folhas se perdem
Com um tempo se apagam
E novos capítulos se mostram
Para um mesmo livro, novas marcas.

Empilhar livros
Ou empilhar memórias
Que jamais serão apagadas
Sendo escritas novas histórias.

Jéssica Lima
Poetisa

Percepção


Guardo em meu infinito
Sonhos não revelados
Que gritam como um trovão
E o discurso não aludido
Pulsando na circulação.

Percorro as singelas curvas
Com minhas convicções,
No sigilo de palavras turvas,
No eflúvio das ilusões,
Respiro constatações silenciosas.

Imersos em uma solidão arredia,
Meus ouvidos apreciam
Uma melodia inconsciente,
Apenas os meus olhos enxergam
Alguns detalhes inerentes.

O vento carrega a poeira,
Ao canto de uma noite fria,
Mas é à incandescente lareira
Que a minha percepção assobia...

Não há ciência sem erros
Nem mundo sem imperfeição
São falhos os meus acertos
À procura de uma razão...

São detalhes soltos em trovas
Que tentam refazer-me em versos,
Envolta em tudo que crer,
Sou apenas mais um ser
A vagar pelo universo.

Ana Rita Lira
Poetisa

Inocência


Quando eu era criança
Meus pensamentos eram trens velozes
Que pelos trilhos da vida
Nunca ousaram passar.
Gostava de ver o mundo
Com olhos de inocência,
Imaginava que todas as pessoas eram boas
E que nessa corrida da existência
Tinha pouco a perder e muito a ganhar.

Mas o tempo passa...
E como fumaça que some no ar
Percebi que nada é de graça,
Tudo se gasta, morre e envelhece,
Essa era a lei que eu na minha humildade
Não pude mudar.

Enxerguei que o homem de sangue ruim,
Egoísta, arrogante, traça com seu próprio punho
Sua morte, o seu fim.
Difícil acreditar nessa realidade
Onde tantas crianças sujas, descalças e famintas
Mendigam um pedaço de pão, um olhar de piedade.
Enquanto isso, homens poderosos em seus altos palácios
Cospem-nas a face, sem nenhum disfarce
E elas, com lágrimas nos olhos, voltam para o duro solo,
À morada simples de saco e papelão
E aguardam com fé um ser humano bom
Que olhe para elas
E por algum motivo estenda-lhes a mão.

Aridiana Dantas
Poetisa

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Amor adolescente


Foi numa noite em que tudo começou
Naquele momento o fim via-se longe
Eu lembro bem, a lua subia tímida sobre o sol que já brilhou

Por mais que haja astros e satélites,
Naturais ou não
Entre a lua e o sol eu escolho você

Por mais que eu tente mensurar um beijo
Tracejos de um amor que em breve
Se encontrará em plena paixão

Nosso amor adolescente e carente
Mesmo não presente
deixará a distância em vão.


Ismael Cividini Flor
Poeta

sábado, 8 de setembro de 2012

Deflagrando-me



Nada lhe suplico, além das noites cretinas
Quando comigo cumplicia dos
Teus impulsos felinos,
O hálito com que suga minha saliva,
Teus afagos de cão abandonado
Ansiando meus poros
                       Dilatados,
                       Inflamados,
                       Úmidos,
Ao senti-lo vivo,
Deflagrando-me.


Rayane Medeiros,
Poetisa

domingo, 2 de setembro de 2012

Aceno



Ontem o acaso nos encontrou na rua.
Quis desejar-nos bom dia,
Dar-nos um abraço prolongado,
Falar-nos da vida pós Pra Sempre.

Pensou em questionar o amor defunto,
Os planos findos no retrato.

Ontem o acaso nos encontrou na rua.
Deu com a mão à contragosto,
Dobrou a esquina,
Levou o resto de nós no aceno.


Rayane Medeiros,
Poetisa