sábado, 25 de agosto de 2012

[Ex]Pulsar

O metal frio está em suas mãos...
A lâmina percorre seu destino,
Escorre aquele líquido vermelho,
Esvaem-se pelo ralo os seus problemas,
Extinguem-se as dores d’outrora.

A cada novo caminho – a lâmina –
Um alívio, um delírio, um perdão...
Ele já conhecia aquela sensação;
Era a mesma de vezes passadas.

Ninguém, alguma vez, ouviu o seu grito;
Era doloroso viver em seu mundo.

Sua carcaça sem cor, estendida, vazia;
Sua alma anistiada de seu corpo
Divagava por entre pensamentos vagos,
Emaranhada em meio a sentimentos putrefatos.

É assim que morria todos os dias,
Naquela hora da agonia
Onde os sonhos são apenas sonhos.
O beijo da morte tornara-se uma rotina.

Privado do direito de desejar.
Era apenas mais um despojo de uma sociedade pétrea.

As flores mortas irão abraça-lo.
Todos dirão que ele foi bom;
Mas nenhum se perguntará se foram bons!

A compreensão não foi uma dádiva.
Nunca entenderam em vida,
Jamais desejarão em morte.

O chão vertia-se em futuros,
Aos poucos acabava a tinta de seu poema derradeiro.
Há quem diga que aquele fora o seu melhor sorriso.


Luiz Luz
Poeta

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Gosto



Gosto dos amores que vêm de repente, sem pedir licença;
Que desarrumam tudo o que, outrora, estava arrumado,
De uma maneira gostosamente avassaladora e ousada;
Que me fazem sentir mais, que me vêem com transparência;
Que me ensinam a chorar sem medo, que me abraçam em silêncio;
Que não temem as declarações, pois guardam a certeza
De que são fielmente correspondidos;
Que se doam sempre mais, que desatam os meus e os seus nós,
E nada exigem em troca… além do meu sorriso.

Lavínia Lins
Poetisa


Leveza



Leve são os ventos
Na qual, as aves aproveitam
Os leves embalos.

Gilmar Júnior
Poeta

Cabeça Popular



Falo, falo, falo sem ter o que dizer,
A ler um livro, prefiro até morrer.
Faço mistério porque preciso me esconder...
É que me disseram que tenho muito o que aprender.
Critico aquela professora cética
Com argumentos recheados de uma futilidade fétida.
Me olho no espelho e vejo um corpo interessante,
Mas acho que esqueci a inteligência em alguma estante.
Gosto da mania de falar mais do que ouvir,
Sei que sou ridículo, mas, pelo menos, alguém ri.
Dramatizo pros meus amigos algum amor fingido,
Miséria ou guerra; não ligo se eu não for atingido.
Ouvi em algum lugar que o mundo vai acabar,
Hora de correr pra igreja pra Jesus me salvar.
Não sei quem sou, eu deixo a mídia ditar.
Fui a uma festa popular e esqueci o vestibular.
E se dizem que no futuro eu vou me ferrar,
O pastor disse que o futuro pode nem chegar.

Yáskara Fabíola
Poetisa

Um desejo e a controvérsia



Quem come carne todo dia
estranha quando vê ovo no prato.
Pensa: por que não um
acordo, mas um contrato?
É quase sempre bom, às
vezes, fico farto...
É, às vezes, é estranho, mas,
é bom ter um ovo no prato!

Erick Silva
Poeta

Aqui estou



Aqui estou, ó cósmica energia,
De coração de fogo,
De olhos de água,
De corpo de terra
E de alma de vento,
Puro e livre… etéreo;

Aqui estou, só em essência,
Para me fundir
Na vera luz que sou,
Para me unir
À vera luz que és.

Pedro Belo Clara
Poeta

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Lascívia


Pele quente,
Calor, suor
Me aquece,
Me acende,
Me deixa queimar...
O fogo consome
Tudo que restar,
As chamas engolem
A alma a gritar.
Incansável,
Irreparável
A força que age,
Que move, que nos guia,
Uma invasão, um ultraje!
Quantas marcas
Ainda posso deixar?
Quantos lugares
Ainda há para marcar?
Pare! Afaste-se!
Me faça parar!
Ajeite a gravata
Amarrotada, entregadora...
Eu arrumo meu cabelo
E amanhã, então...
Não passou de um pesadelo.

Yáskara Fabíola
Poetisa

História do poder


Éramos muito ricos,
Mas levaram nossas riquezas,
Sugaram nossas alegrias
E plantaram tristezas.

No lugar onde tudo
O que plantava podia-se colher,
Agora tudo murcha
Por causa da plantação do poder.

Colonizadores dominavam
Levaram tudo o que podiam aproveitar,
Eram ladrões ambiciosos
Que o mundo queriam dominar.

E deixavam uma herança
Por onde passavam, o poder
Que gerou vários conflitos
E muito sangue fez correr.

Cada vez é pior
Nesse jogo de dominação,
Matam uns aos outros
Para terem o poder nas mãos.

A humanidade caminha assim:
Cada um querendo sempre estar na frente
E os “Reis” ainda falam de humildade,
Mas continuam dominando mentes.

Jéssica Lima
Poetisa

História do poder

Éramos muito ricos,
Mas levaram nossas riquezas,
Sugaram nossas alegrias
E plantaram tristezas.

No lugar onde tudo
O que plantava podia-se colher,
Agora tudo murcha
Por causa da plantação do poder.

Colonizadores dominavam
Levaram tudo o que podiam aproveitar,
Eram ladrões ambiciosos
Que o mundo queriam dominar.

E deixavam uma herança
Por onde passavam, o poder
Que gerou vários conflitos
E muito sangue fez correr.

Cada vez é pior
Nesse jogo de dominação,
Matam uns aos outros
Para terem o poder nas mãos.

A humanidade caminha assim:
Cada um querendo sempre estar na frente
E os “Reis” ainda falam de humildade,
Mas continuam dominando mentes.

Jéssica Lima
Poetisa

Navegantes



O mar que nado
É mesmo que navegou
Odisseu e Camões.

Gilmar Júnior
Poeta

Confissão



Quem?
Eu espero por alguém que nunca vi,
Mas sinto que está a caminho…
Quando me revelar a sua face, seja sutil,
E perdoe a minha falha de memória…
É que me apagaram as lembranças de outrora,
Para que eu não venha a deixar de sentir
A emoção do primeiro encontro...

Lavínia Lins
Poetisa

sábado, 11 de agosto de 2012

Vadio



Converto-lhe, meu senhor,
À minha religião,
A este paganismo desnudo,
À doutrina apedrejada por esta hipocrisia barata.
Converto-lhe, senhor,
A estes vícios infindos
Este abismo salobro que te engole e
Te cospe em desalinho.
Converto-lhe, ó senhor,
Ao paraíso de ser vadio,
De ser livre em demasia;
Pois se do pecado vim,
Do pecado viverei.

Rayane Medeiros,
Poetisa

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Cinco Poemas para Charles Bukowski



I
A solidão me acompanha
Desde sempre,
Por isso não me sinto
Mais só...
Tenho-a comigo
(Como uma companheira presente)
A retirar-me do corpo
O lençol.

O amor, Charles, é como um cachorro
Que nos persegue
Pelas ruas,
Pelos becos
E depois fica inerte.

O amor, Charles, é um cão dos diabos...
Sempre nos colocando para baixo.

II

Essa melancolia, Charles,
É como
Aquele rastro de solidão
Vindo da tarde.
Ele vem e se arrasta
Sobre os móveis,
Para nos sinais de trânsito,
Se dependura nos outdoors,
Acena em meio à multidão...

Ele vem e se arrasta
Sobre as pessoas,
Está nas esquinas,
Nos bares,
Nas cercanias,
No falso aconchego
Dos lares...

Um rastro de solidão
Vindo da tarde
É como o homem que caminha
Compenetrado e triste
Por ter sido apenas
Um entre os demais...

Um rastro de solidão
Vindo da tarde
É como um homem que balança
Na corda bamba da existência
E depois se esparrama
Nos charcos da consciência.

III

Eu quero a solidão
Que nenhum
Outro homem quis:
A solidão plena,
A solidão minha,
A solidão que
Nos deixa
Por um triz...
A solidão-morte,
A solidão-vida...

Quero-a e por querê-la
Assim
(Tão amiúde),
É que meu corpo finda
E finito
Me ilude.


IV

Quando Dionísio, o Velho,
Conquistou as cidades,
Conheceu Dâmocles,
O interesseiro das vantagens...
Então, um belo dia, o rei
Mandou prender a uma crina
De cavalo o que entendeu
Ser ali a resposta, a sina
Dos que estão no poder
E que gozam da vida.

A espada foi dependurada
Naquela crina sobre a cabeça
De Dâmocles, o Interesseiro,
E ele tremeu, pois que entendia
Ser chegada a hora de ser ele mesmo.

Então, Charles, às vezes
Ficamos como Dâmocles,
Embaixo da lâmina
Sem sabermos
O que virá logo adiante.

V
Desvencilhar-se da vida, Charles,
Abandonar tudo e meter o pé na estrada,
Deixar-se levar e tão somente
Iludir-se da vida plenamente...

Ah, Charles, esse amor que guardamos
Dentro do peito, é um louco,
Um desvairado, um alienado e, no fim,
Um expatriado!

As coisas que me chegam agora, Charles,
Pelo correio, apenas me deixam ainda mais
Apegado às mesmas ilusões de antes...
E, assim, desenho esses dias,
Os dias e os levantes!

Quando amanhece e o sol apenas aquece
Um corpo qualquer,
Então me jogo
Sobre a desilusão que não me quer.

Esta sombra que invade nossa vida
É mesmo, velho Charles,
A podridão da nossa lida!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Pizza gigante



Como fatias de pizzas
O mundo foi sendo repartido,
Os gulosos eram os mais,
Cada qual queria um pedaço maior que o obtido...

A corrida pela riqueza
Fez muito sangue escorrer,
Cada um com sua mania de grandeza
E obsessão pelo poder.

Acorrentando vidas,
Prendendo almas
Por causa da mãe economia
E o capitalismo na palma...

Perdendo ou ganhando a guerra
Eles querem sempre o maior pedaço
Da pizza gigante que é o mundo
Deixando para os pobres o bagaço!

Jéssica Lima
Poetisa



Convergências


Destinos tão dispersos,
Tantas almas e universos...
Não me diga que foi por acaso.
Quando duas vidas se cruzam
E dois mundos se chocam
É imensurável a energia que se sente.
Há uma troca de tanta coisa,
Tanta coisa que se aprende,
Tanta coisa que se entende,
E tão inapagável, de tanto que o desejei...

Caminhos tão incertos,
Sonhos tão diversos
Que ainda assim se encontram.
Um leque imenso de opções
Confunde nossas direções,
Quando insistimos em nos perder.

Diga-me para onde vai seguir
Para que eu possa divergir,
Encontrar meu próprio lar, quem sabe?
Só não me diga que é coincidência,
Quando se já viveu a experiência
E nunca desistiu de repeti-la...
Não me diga que foi por acaso,
Não me ofereça esse descaso...
Que não se engana, o amor.

Yáskara Fabíola
Poetisa

Cânticos



Coisa mágica
É sair de casa e ouvir os
Pássaros cantar.

Gilmar Júnior 
Poeta

Palavrão



A falta de decoro é um coro
Agudo estridente, indecente...
Agouro rouco de um demente,
Arte diante da qual sou calouro...

Rudeza, para alguns, beleza...
Repudio, fremente e com frieza,
O indelicado com terrível natureza...

Pois, assim vá à m..., delicadamente,
Para que não me ache diferente
E para esse(s), apenas digo: francamente!

Erick Silva
Poeta

domingo, 5 de agosto de 2012

Voraz



A vida é o instante de agora;
Onde eu me apresso,
Me entrego,
Me enlaço,
Me embriago,
Onde eu me desfaço
E ela logo me devora.


Rayane Medeiros
Poetisa

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Cinco Poemas para Charles Bukowski




A solidão me acompanha
Desde sempre,
Por isso não me sinto
Mais só...
Tenho-a comigo
(Como uma companheira presente)
A retirar-me do corpo
O lençol.

O amor, Charles, é como um cachorro
Que nos persegue
                    Pelas ruas,
Pelos becos
E depois fica inerte.

O amor, Charles, é um cão dos diabos...
Sempre nos colocando para baixo.

Mário Gerson
Poeta


Ilustração: foto de Charles Bukowski