sábado, 25 de agosto de 2012

[Ex]Pulsar

O metal frio está em suas mãos...
A lâmina percorre seu destino,
Escorre aquele líquido vermelho,
Esvaem-se pelo ralo os seus problemas,
Extinguem-se as dores d’outrora.

A cada novo caminho – a lâmina –
Um alívio, um delírio, um perdão...
Ele já conhecia aquela sensação;
Era a mesma de vezes passadas.

Ninguém, alguma vez, ouviu o seu grito;
Era doloroso viver em seu mundo.

Sua carcaça sem cor, estendida, vazia;
Sua alma anistiada de seu corpo
Divagava por entre pensamentos vagos,
Emaranhada em meio a sentimentos putrefatos.

É assim que morria todos os dias,
Naquela hora da agonia
Onde os sonhos são apenas sonhos.
O beijo da morte tornara-se uma rotina.

Privado do direito de desejar.
Era apenas mais um despojo de uma sociedade pétrea.

As flores mortas irão abraça-lo.
Todos dirão que ele foi bom;
Mas nenhum se perguntará se foram bons!

A compreensão não foi uma dádiva.
Nunca entenderam em vida,
Jamais desejarão em morte.

O chão vertia-se em futuros,
Aos poucos acabava a tinta de seu poema derradeiro.
Há quem diga que aquele fora o seu melhor sorriso.


Luiz Luz
Poeta

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