quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Sangrando
A ferida ainda estava entreaberta
Cicatrizações recentes são frágeis.
Vulneráveis!
Houve novamente uma ruptura.
Bem cima da anterior.
Talvez inconsequência.
Cegueira voluntária.
Falta de cuidados.
Excesso de teimosia.
Entrega.
Subversão.
Insistência.
Queda.
Destroços.
A poeira baixou.
O sol voltou
E o amor dormiu.
Favor manter o silêncio.
Simone Genuíno
Poetisa
Zero centavo
Não vou mais gastar versos com você
nem vou mais gastar letras com seu nome.
Não vou gastar palavras pra te falar
sobre o amor ou a saudade
ou muito menos a te dedicar
os mais belos poemas.
O tempo está passando
e começo a me dar conta
do seu valor
que em real
não vale nada,
muito menos poesia.
Ariany do Vale
Poetisa
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Bares Vazios
Os bares cheios de copos vazios,
os corpos quentes sem amor.
É triste estar sozinho,
e é bom levar a vida sem pudor.
Aqui tudo é escuro,
e o frio aquece.
Enquanto espero um beijo,
espera, não me esquece.
Eu penso em seu beijo,
ao ouvir sua voz.
Tento achar um jeito,
de nos deixar a sós.
Aquele perfume embriaga,
e me prende em seu pescoço.
Conto o quanto posso suportar,
e me conformo onde devo estar.
Os bares sem vida,
e corpos sem bebidas.
As pessoas se mostram,
e me mostro à você.
Espero pelo seu beijo,
e sentir o perfume em seu corpo.
Espero sua roupa caída,
e não ter uma noite vestida.
Abraão Da Silva
Poeta
O Grifo
E fui eu, enquanto dormia,
Raptado de um mundo que esfuma
Por um grifo assim de azuis plumas
De um mundo o qual nunca se vê
E vendo-me lá, nada eu via...
E foi muito bom nada eu ver
O grifo só a mim me queria
Mais nada podia eu querer.
E assim me levando ele ia,
Melhor não podia isso ser.
Me foi devorando em feitiço
E nisso me atou às suas asas
Tão grises e azuis na desasa
E ao viço de seus olhos ruges
E vi-me tornando submisso
Me rindo do langue bafuge
Estive a gostar muito disso
E ao pé dos ouvidos me tuge
O grifo a dizer: 'Tempo urge!'
Espraiando voo no abisso.
Senti-me tão leve e tão vivo
Voei em seu dorso e então
Esgarcei sorrisos, razão
Pela qual eu não quis deixar
O grifo, bel', lúdico, ativo
Que agora me iria entregar
Ao meu velho mundo adustivo
Ao qual não queria eu voltar
Fiquei de sua graça cativo.
A mim ele iria tornar...
...depois que a mim seduziu
No eflúvio de sua beleza
De mim arrancou a crueza
E pôs em meu peito a paixão
Jurou-me tornar e sumiu
Senti-me deixar comichão
Guardei este nosso amasio
E peço ao ignaro perdão:
Vazio é teu peito, o meu não.
Meu grifo preenche o vazio.
João Costa
Poeta
Salmo
Admiro a beleza que semeias
Despretensiosamente no mundo
Dádiva ganha sem nenhuma gana
A lembrar aos homens que o Criador
É o melhor arquiteto em tudo.
Teus olhos, dois profundos lagos
Mergulho e me afogo sem morrer
Me puxam para o fundo onde os segredos
De tua alma estão revelados.
Teu colo, robusto e cálido
Qual busto grego eternizado
Pelas mãos hábeis do esforçado artista
Que ainda assim não faz jus a ti.
Teus cachos como arabescos
Nas catedrais de Alhambra
Numa mansa tarde azul
Me envolvem na trama
Secreta que inflama
O intento de meus desejos.
Tuas curvas, sinuosas
Correm sem governo pelo espaço
Desafiando as leis da geometria
E do bom senso.
És para mim, a antítese
Que nasce do querer e do desdém:
Pois te quero enquanto meu próprio bem,
Enquanto te afasto do pensamento
Que por menos de um momento
Poderia-lhe viver sem.
Bruno Radner
Poeta
Não se lamenta a falta de amor. Bebe-se!
Para Ariany Do Vale. Companheira de poesia, de Beco, de amores vadios.
Se lhe digo que sou mais da cachaça,
É porque me falta amor.
Aquele amor pagão de tirar o fôlego,
A roupa,
A alma pendurada no habitual.
Quero um amor que enraíze,
Que me abale,
Embale-me em afago e
Faíscas.
Se me perco nos becos;
Braços e abraços;
Em paixões tão fugazes quanto estrelas que se apagam no céu,
É porque me falta amor.
Não que deste eu seja vazia.
Mas é que o tenho demais,
E por onde ando,
Fica um pouco dele,
Um pouco de mim.
E assim vou ficando...
Bebericando amor nos bares.
Rayane Medeiros
Poetisa
sábado, 16 de novembro de 2013
É mais fácil o céu descer do que subir você
Há algo não puro enraizado em tua pele
As forças do além temem por gente assim
Fazendo tudo o que não deve, não breve
Demorando no beijo, solfejando no corpo
Amando sem estar preso ao habitual
A mando de ninguém animal
Já me disseram que gente assim não vai
No céu não cabe esse tipo de amor
Impuro, impulsivo, compulsivo, por dez, vinte minutos
Amor descoisado de coisa coisada
Não entra, lá, quem antes de dar, recebeu
Parece que quem não quer entrar sou eu
Lugar sem graça, portanto, "desgraçado"
De santidade vive o homem para não perder
Um lugarzinho triste, eu quero é viver
Alan Barboza
Poeta
A Noite
Quando a noite surge serena,
os ventos fazem coro,
rimam, dançam, brincam.
Quando a noite surge fria,
as luzes acendem na alma,
nas ruas, nas casas, nas valas.
Quando a noite surge em brilho,
os sorrisos enamoram-se,
há beijos, mãos, abraços.
Quando a noite surge,
eu expurgo todos os pensamentos,
refaço-me, em ecdise, expandindo-me.
Edja Lemos
Poetisa
Promessa
Eu juro por Deus,
Por tudo o que há de mais sagrado:
Enquanto houver alma,
Nunca mais hei de dedicar amor,
A quem só me querer corpo!
Rayane Medeiros
Poetisa
Sobrevida
O extraordinário abatedouro do indivíduo comum
reside num cotidiano truncado e estacionário,
e de lá resultam quase todas as formas de desencanto.
Mas pode haver flores – ou não.
Mas pode haver cores – ou não.
Mas pode haver dores...
Então diz ele: “Pois não!...”
A carne, outrora amaciada pelos desencontros,
encontra-se carimbada pelas mesmas sentenças e agora
descobriu a liberdade na prateleira do supermercado.
Felipe Conti
Poeta
Eterno Passageiro
Pungente a ânsia cruel do desejo,
Incessante a sede efêmera do querer,
Encontra abrigo no inconsolado peito,
Alimenta-se da fonte perene do não-ser
Basta avistar seu objeto para inflamá-lo,
Para encorajá-lo sôfrego à ilusão
Julga-se infindo, mesmo tresloucado
Pois se és volúvel, ignora sua condição
Tolhida a força brutal desse anseio
Tal qual brasa no cinzeiro a esvanecer
Um axioma injusto, porém verdadeiro:
Quanto mais desejamos, menos podemos ter.
Bruno Radner
Poeta
sábado, 2 de novembro de 2013
Tal Sigilo
Quem sabe eu possa beijar-te os lábios em sigilo,
tirar sua roupa sem argumentação.
Pedir permissão apenas para te amar,
sentir teu coração pulsar.
Quem dirá que estou errado ao me apaixonar?
vou fazer questão de te mostrar.
Beijar-te sem pudor,
sem pensar em consequências.
Já não vou dizer-te o que farei,
pois serei surpreendentemente ousado.
Poderia te assustar com a situação,
mas sei que você quer tanto quanto eu.
Sei muito bem o que você pode querer,
e ao menos isso eu posso oferecer.
O sigilo de um cinismo mal feito,
ao meio da noite pra o começo de um novo dia.
Vamos ver até onde irá,
o quanto honroso isso será.
E você vai me desejar,
como um dia nublado ou noite quente.
Um pouco de nudez nas palavras,
e sentir um calor solitário.
O pouco tempo falado em algo profundo,
e algo mais tão letal.
O desejo proibido de pensar,
mas querendo tanto como tal.
A verdade que nunca morreria,
um dia que não existe despedida.
Abraão Da Silva
Poeta
O Amor
É mais forte
Que amarra de nau
Mais seguro
Que não amar
E quem não amar
Não comece
A pedir como prece
Ele há de chegar
Amarrado e correndo
Pegando sereno
O amor foi parar
No quintal
Lá de casa
No quarto
Na cama
Na sala de estar
Na verdade,
A verdade:
O amor é meu corpo
Que onde eu estou
Ele ousa estar
E parece que é tudo
Maior e mais fundo
Que as águas do mar
Alan Barboza
Poeta
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
A dobra da onda
O amor é imensidão
É o mar e seus perigos mortais...
Meros viajantes navegam no mar...
O poeta e seu barquinho dançando ao som dos trovões
Tempestade
Ignora os perigos só pra fazer poesia
Poeta pirado
Pirata do amar
Poeta marujo
Não sabe domar
A última dobra da onda do mar.
Jedaías Torres.
Poeta
Filho Pródigo
Acordo agitado pelo sonho próximo
em que tu estavas a meu lado
e sinto o peso da noite vazia
a castigar meu corpo.
ah coração irrequieto! por vezes manso
e por vezes sôfrego!
Onde está a chama que me aquecia
quando o inverno se fazia intenso?
Só tu devolve a calmaria
ao meu descompassado senso
Quando me aninhava em ti é que sabia
o tudo e o nada na infinitude do silêncio.
Não te quero pela metade
sem ti não me encontro pleno
sou nada menos que a sobra de um covarde
marinheiro a vagar ao relento,
sou beduíno errando no deserto,
soldado desarmado no front,
além das areias do espaço e tempo.
Bruno Radner
Poeta
A poesia
Se hoje fosse possível,
Viveria de escrever,
Escrever é fazer história
É gritar em silêncio
É chorar através das palavras...
A poesia é simples
E ao mesmo tempo complexa,
A poesia é o amor
Que atinge os outros em forma de flecha
A poesia tem sabor...
A poesia é tudo, é escrever
Ainda que não se crie nenhuma palavra.
Kennedy Fernandes
Poeta
O que sobrou
Encontrei meus olhos no quarto
Meus braços na sala
Meus pés na cozinha
Como cacos, a mil pedaços.
Sangue marca minha certidão
Sou restos, sou cinza, sou pó
Dedos foram fatiados
Ossos quebrados
Encontrei-os no jardim.
E ele, a parte mais importante do meu corpo
Está em uma bandeja fria
A uma temperatura abaixo de -3°
Pronto para nunca mais bater.
Suziany Araújo
Poetisa
Quinta-Feira, 30 de Outubro de 2008
Olho para os lados
Jogando dados
No meio do escuro
Eu lhe procuro...
Na minha solidão,
Na busca em vão,
De lhe encontrar
E de lhe tocar.
Mas não há você
Nem mais dias,
Só as ruas vazias
E desejo de ter.
João Carias de França
Poeta
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Sobreviva
O extraordinário abatedouro do indivíduo comum
reside num cotidiano truncado e estacionário,
e de lá resultam quase todas as formas de desencanto.
Mas pode haver flores – ou não.
Mas pode haver cores – ou não.
Mas pode haver dores...
Então diz ele: “Pois não!...”
A carne, outrora amaciada pelos desencontros,
encontra-se carimbada pelas mesmas sentenças e agora
descobriu a liberdade na prateleira do supermercado.
Felipe Conti
Poeta
Desamparo
De uma desordem desnecessária
Restou quase nada.
Partindo que fiquei perdida,
Em meio a estilhaços.
Me embriaguei de lembranças,
Assumi minhas inconstâncias
Abandonei os meus clichês...
Foi no silêncio dos teus abraços,
Inibir seus olhares Em um impulso -
Foi tudo tão confuso...
Desorientei,
Emudeci
E paralisei.
Yasmim Lima
Poetisa
Última carta de uma árvore de quintal (ou Alma de Árvore)
Ela criou asas
E voou de mim
Como um pássaro
Que no seu primeiro voo
Dá adeus
E me deixa com os galhos
A balançar no vento
Derramo minha seiva âmbar
Como um choro de tristeza
Saudades do seu canto
seu ninho vazio
Agora é morada de parasitas
Meus galhos estão cheios de cupins
E apodreço aos poucos
As crianças que outrora subiam em mim
Já estão barbadas, e as vejo raramente
Quando ainda se aproveitam da minha sombra
Um ultimo desejo antes de ser cortada fora
Que no meu último momento de vida
Que subam os barbados em meus galhos
Olhem minha pele de árvore
Olhem minhas marcas
Escutem o vento soprando em mim
Fechem os olhos, e se imaginem crianças
E das nossas brincadeiras nas alturas
Ao menos uma última vez
Só ai então, permito que me cortem fora
Mas que ao menos um pouco do meu corpo
Sirva como um móvel
Ou uma obra de arte
E pendure meus restos mortais
Na parede, ou numa cadeira... Pra que assim
Mesmo depois de cortada fora
E morta
Possa por mais algumas gerações
Estar com vocês.
Jedaías Torres
Poeta
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Pássaro que será
Sentado ao
meu quarto
Diante do
papel
Olhar nas ideias
Branco e
vazio
Viro rosto
para janela
Contemplo um
belo pássaro
A me encarar
Fixo a minha
mente
De repente,
tudo parece surgir
A ver aquela
ave azul
Imagens
começam a me conduzir
Consequência
do inimaginável
Começo a
escrever
Assim, sem
parar
Sem ler nem
respirar
Aquilo o que
será?
Reflexo
parado ali
Disperso a
me cobrir
Com seus
pensamentos
Sua
arrogância, sua leveza
Preso na
brisa
Brinco com
seu olhar
Movimenta
minha mão
e aquele
pedaço de papel
Voa longe e
eu me espanto
O bater de
suas asas me consome
Tudo, tudo
ali, me destrói
Quando vejo,
é tarde
Aquele lindo
pássaro, se foi...
Felipe Pizzi,
Poeta.
Uma história de amor
Eu prefiro o teu silêncio que o teu não
Deixo a porta aberta cito Quintana
Mas choro escondido com medo de que você se vá
Se eu pedir um eu te amo você fala sorrindo
Mas é teu silêncio o resto do tempo que fala mais alto
Eu sou a roupa velha que não te serve mais
O verso que não te comove
Teu universo se move e o meu fica para trás
Sejamos francos
Você é forte eu fraco e todos os buracos no meu peito tem sua forma
Mas de que isso importa se ao meu lado você fica tão longe
E sempre que me estende a mão o precipício aumenta
Eu quero o seu amor seus discos e livros e aquele baseado de outras datas
Mas no fundo por tanto te amar nem sei se quero que você me ame
Apenas não sei.
Nem eu nem algum deus que assiste a tudo gargalhando, com uma dose de uísque, um charuto cubano e uma cueca do Darth Vader...
Álesson Paiva
Poeta
Tudo e nada
Tenho tanto medo
que sorrio
Ando tão só
que me perco
Tenho tantos amigos
que disfarço
Tenho tantos amores
que nem lembro
solidão!
Carlos Volpi
Poeta
Letargia
Seu lindos pesadelos
te observam à noite
e o assassino já se escondeu,
ele está num lugar
onde não se pode encontrá-lo,
a necromante insana
ainda pratica eutanásia,
mas somos todos mártires
ou não nos odiamos o suficiente,
então agarra-se com sua dor
antes que ela fuja de você,
e vista-se para o funeral...
Mario Cesar
Poeta
Meu Rumo
Nas madrugadas os olhos estão adormecidos
Ele sussurra ao meu ouvido
Confundindo os meus sentidos.
Tuas palavras ecoam
Em um tom tão duvidoso,
Sempre me surpreende...
Intrigando ainda afirma
Que diz em meio a mentiras
Tantas verdades desnecessárias.
Diz que devo guardar o som
Que aceite certas imposições,
No expandir que encontre minhas possibilidades.
Yasmim Lima
Poetisa
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Poeminha do ônibus (Perdoe o mau humor, mas às vezes eu não sei quem sou)
Um senhor
cantando sambas antigos,
Tento
acompanhar as suas canções e o aplaudo mentalmente.
Uma moça
fala ao celular sobre o capítulo da novela,
Ouvi dizer
que o ônibus vai demorar,
Penso em
acender um cigarro,
Mas já não
fumo há meses.
Penso em
fotografias antigas em preto e branco,
Em como elas
dão um tom chique a coisas triviais,
Lembro-me de
ter visto uma do meu falecido avô
Ele era um
homem bonito,
Queria ter
seus olhos.
O ônibus
chegou atrasado,
Sinto que
vou passar duas horas enfurnada nele,
Que inferno,
Deveria ter
tomado café da manhã
Ou acendido
aquele cigarro.
Um homem me
pede ajuda para amarrar o cadarço,
Uma jovem
senta ao lado do velhote tarado,
Tento
avisá-la,
Ela me
ignora,
Bem, boa
viagem.
Maldita
cidade de ruas esburacadas,
Me dói a
barriga por conta dos solavancos,
Chuto a
cadeira do velhote,
A moça me
pede desculpas com o olhar,
Eu a ignoro.
Olho pela
janela,
Vejo uma
antiga amiga da escola
E o velhote
foi encher o saco de outra jovem,
Mais que
sujeito escroto,
Tento
ignorá-lo.
Penso num
poema inacabado,
Num romance
inacabado,
No café pela
metade que eu deixei na mesa do trabalho
E penso
demasiadamente em todas as meias palavras que me engasgam.
Penso na
teoria da relatividade,
Em divórcio,
Nas crianças
mal educadas que acabaram de entrar no ônibus
Penso em
você
E isso me
irrita,
Não as
crianças,
Pensar em
você.
Me sinto
como Dante
Nessa viagem
infinita até o outro lado da cidade,
Começo a
cair no sono,
Mas antes
cair no sono
Do que de um
oitavo andar
Ou de um
ônibus em movimento.
Beatriz Fernandes
Poetisa
Razões do tempo
Tenho medo das flores que murcham antes do amanhecer
Tenho medo da tinta que seca
Do vento que espalha todas as folhas
E as transborda no tempo.
Tenho medo que os sonhos se percam
Em caminho de escuridão
Sem encontrar os mistérios da razão.
Tenho medo que as lágrimas acabem
E não relaxe o coração
Medo que tudo vire cinzas
E que tenha que esquecer
As rimas da canção.
Tenho medo de ficar na velha estação
Esquecida...
Sentada no chão.
Tenho medo do tempo ínfimo
De uma vida de dúvidas
Que assola meus tristes dias
De solidão.
Suziany Santos
Poetisa
Dominante
Perante a desolação...
Ate quando o mundo será tão insano
Com tantos absurdos,
Desumano.
Incoerências que me inquietam
Ignorar se torna a sina
De quem só vive mendigando
Em farsantes covardias.
Suas tantas transgressões
Entre tantos ideais predominantes
Viver assim tão inconstante
Modifica alcançando
Lamentável sensatez.
Yasmim Lima
Poetisa
Caos
peças de encaixe, quebra-cabeças
que empregam meu juízo
a fim de te encaixar
na duvidosa certeza
desse padrão delicado.
Creio assim que num mundo perfeito,
de perfeito caos ordenado,
da ordem inequívoca do avesso,
somos aqueles que rirão
quando as primeiras bombas caírem.
Somos os que dançarão
no campo dos refugiados
das doces ilusões do progresso,
das cinzas da civilização
como se não houvesse mais a ser feito.
E, quando não houver mais nada
eu, de ti, herdarei o riso
irrestrito, desregrado,
pra afugentar meus fantasmas
das noites em claro,
dos dias entregues
à desolação do deserto
de minha própria companhia;
construiremos nossa simetria
com os estilhaços de nosso pecado.
Bruno Radner
Poeta
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