quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Caos




O acaso continua me pregando peças:
peças de encaixe, quebra-cabeças
que empregam meu juízo
a fim de te encaixar
na duvidosa certeza
desse padrão delicado.
Creio assim que num mundo perfeito,
de perfeito caos ordenado,
da ordem inequívoca do avesso,
somos aqueles que rirão
quando as primeiras bombas caírem.
Somos os que dançarão
no campo dos refugiados
das doces ilusões do progresso,
das cinzas da civilização
como se não houvesse mais a ser feito.
E, quando não houver mais nada
eu, de ti, herdarei o riso
irrestrito, desregrado,
pra afugentar meus fantasmas
das noites em claro,
dos dias entregues
à desolação do deserto
de minha própria companhia;
construiremos nossa simetria
com os estilhaços de nosso pecado.

Bruno Radner
Poeta

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