terça-feira, 18 de setembro de 2012

Inocência


Quando eu era criança
Meus pensamentos eram trens velozes
Que pelos trilhos da vida
Nunca ousaram passar.
Gostava de ver o mundo
Com olhos de inocência,
Imaginava que todas as pessoas eram boas
E que nessa corrida da existência
Tinha pouco a perder e muito a ganhar.

Mas o tempo passa...
E como fumaça que some no ar
Percebi que nada é de graça,
Tudo se gasta, morre e envelhece,
Essa era a lei que eu na minha humildade
Não pude mudar.

Enxerguei que o homem de sangue ruim,
Egoísta, arrogante, traça com seu próprio punho
Sua morte, o seu fim.
Difícil acreditar nessa realidade
Onde tantas crianças sujas, descalças e famintas
Mendigam um pedaço de pão, um olhar de piedade.
Enquanto isso, homens poderosos em seus altos palácios
Cospem-nas a face, sem nenhum disfarce
E elas, com lágrimas nos olhos, voltam para o duro solo,
À morada simples de saco e papelão
E aguardam com fé um ser humano bom
Que olhe para elas
E por algum motivo estenda-lhes a mão.

Aridiana Dantas
Poetisa

Um comentário:

  1. E todos nós bem que podemos estender essa mão, não é assim? Gostei muito.. Bem real, vívido e marcado.. Dando voz a acontecimentos e realidades ignoradas por muitos. Essa é uma das funções do Poeta.
    Um bom trabalho =)
    Beijos.

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