segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Carne, sangue e ossos mecânicos


Chorei.
Chorei  e minha visão foi-se turva
Turvos meus olhos fecharam-se
Chorei e, cega, prostrei-me ao chão
Gelado em meu corpo tépido e nu
Chorei desgastada ao chão
E, oh, podia jurar que havia morrido
Podia ter a certeza de que uma morte,
Uma morte solidária
Viera buscar-me
Mas, então, abri os olhos:
Estava viva e tremia.
Tremia desgastada ao chão
Mas podia jurar que
Ao prostrar-me
Uma parte de mim juntara-se à terra
Da qual saiu
Senti algo faltar, algo vazio e morto
Apalpei-me  estava lá
Havia pele, carne, ossos
(E, oh, havia sangue dando vida à terra)
Mas sentia o nada
Sentia o buraco, a falta
Senti que
       Outra vez
Conseguiram
Matar mais um pouco de mim.
(E o que restou continua como morto...)

G.

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