sábado, 16 de março de 2013

Autor desconhecido


Desconheço esse ser
Que em madrugadas solitárias me visita;
O que queres de mim além do que posso lhe dar?
Qual a razão disso tudo?
Estou a fartar-me dessa criatura noturna!
Trazes contigo seus beijos inebriados,
Seu riso jocoso de quem pouco se importa.
Às vezes não lhe quero por perto;
Há razões, porém, para lhe ter presente.
Quem sou eu nessas madrugadas?
Um interprete dos orgasmos alheios?
Escravo dos desejos de outrem (?)...
Sou um dependente químico,
Que anseia na química do poema
Uma válvula de escape dessa realidade.
Os versos que escrevo já não são meus,
Pertencem a outra criatura, outro ser, outro eu.
A dor que eu sentia já me foi curada...
Sigo escrevendo palavras estranhas.
Escrevo, escrevo, escrevo...
E ao término do meu martírio
Percebo que aquelas mãos sob o papel,
Eram as mãos de um autor maldito,
Um funesto ser – que ninguém mais conhecia,
Que ninguém mais sabia, que ninguém mais via...
Pois só ele em mim, e eu nele, existia!

Luiz Luz
Poeta 

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