terça-feira, 24 de setembro de 2013

Metrópole

Diante das coisas dessa vida,
lívida, incorpórea
corre indiferente a história
aquela muitas vezes batida
dos protagonistas
coadjuvantes
espectadores
personagens da vida irreal
sem vocação ou roteiro
sem platéia ou manual.

Além da visão cristalina
de fibra, da sociedade em rede
pós-moderna e niilista
atomista e subversiva,
estreita-se a comunhão
das solitudes, das agruras,
dos que as compartilham.

Por trás do vidro embaçado
da repartição lotada
com a fila extenuante,
o funcionário espantalho
com seu traquejo esquálido
faz funcionar consonante
o sistema funcional
sufocante.

Sobre a cidade que engole
regurgita e descarta
tal qual dejeto industrial
abjeto e superficial,
pesa um céu de chumbo
dióxido e estanho
acima do concreto, um ser estranho
estranha-se:

_Do alto
do arranha-céu
só se vê
asfalto!

Bruno Radner
Poeta

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