domingo, 20 de novembro de 2011

Os Caracóis ou Das Nostalgias na Noite VI




VI

Por que agora caminho entre paragens,
Percorrendo os mesmos lugares?

Vivo pela vida – avante – alerta,
Com o mal na alma que me degenera.

Eu queria sentir tuas veias, teus sonhos...
Pintar estes lábios sóbrios – antanho.

Oh, minhas solidões, minhas claridades
Que me incendeiam calamidades!

1

Eu sei que meus fragmentos me dispersam
Em mais de um, em dois, em milhares
De pedaços que vou perdendo
Pelos desertos, pelas tardes!

Quisera ter aqui teu deletério
Sorriso a espanar a vida,
Como uma força abrupta (diluída),
Espalhando as chamas deste inferno
Em que habitas!

Oh, manhã de meus infernos astrais!
Oh, boca úmida de ser!
Oh, fragmentárias visões que me cegam,
Que me desmancham
Em métodos,
Em palavras,
Em remorsos!
Que me consomem no câncer do Eu!

Oh, manhã de meus infernos astrais!
Sorrateira – em mim – como um salteador,
Roubando-me,
Aniquilando-me,
Destronando-me,
Subjugando-me!

Que venha sobre meus dias
Tua face,
Teus gritos
(Esperança desperdiçada entre lençóis).

Que venha sobre meus fardos,
Tua sempre presença
A aquietar-me a alma,
A segurar – dentro de mim –
Este espírito frágil,
Esta existência decadente –
Feita de ossos
E carne
E olhos.

Como queria engolir-te
(Com vinho e a mesa posta)
Em pequenos pedaços,
Oh, motivo maior,
Caracol de mim!

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