terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

I


Oh, ecos do meu sentir,
Porque me sinto indigno?
Oh, chuva, porque cais
Assim, violenta e triste,
Tombando sobre tudo
O que de puro existe?
E porque me assoma
Esta infernal ardência,
Esta dolorosa exclusão?
Oh, coração, coração…
Deixaste-me sozinho
Às portas do Templo!
Oh, que frígido destino
O de cavaleiro tombado,
À beira estrada renegado,
Afogando-se nas lamas
De seu Tempo tresloucado…

Quão distantes de mim estão,
Ó afamadas horas de meus
Instantes de ilustre condição…


Pedro Belo Clara
Poeta português

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