“A questão é que estão colocando fogo em si mesmos para fazer com que o mundo saiba o quanto estão sofrendo” (Trecho da carta de Jampa Yeshi - ativista tibetano que morreu após atear fogo no próprio corpo)
Atearei fogo em minha carne,
Rasgarei minhas vestes,
Gritarei exaustivamente.
Transformarei minha verdade
Em uma realidade horripilante.
E todos me olharão aterrorizados
Surpreendidos com suas prisões.
Somente assim, tão somente,
Tornarei meus sentimentos independentes.
Minha alma arde em chamas
Como uma caldeira infernal;
Chora perdidamente
Despejando palavras alucinógenas
- É minha angústia que clareia a noite.
Sou ave de fogo que alça seu primeiro voo...
Nasci da opressão, me alimentei da desigualdade,
Sou o fruto da dor de um povo.
Minha nação é cativa,
Meu corpo um prisioneiro.
Desesperadamente luto sozinho,
A paz é algo que não conheço.
Não falo de sua dor pequena,
De sua frustação semanal,
De seu choro derradeiro...
Você é livre e não sabe disso.
Quero desvirginar sua fé,
Desestruturar seu Estado,
Destruir seus monumentos...
Assim lutarei,
Como o mandacaru que racha a pedra,
Isolado em seu lamurio noturno.
Não quero ser um mártir;
Quero liberdade - justa!
Quero manhãs eternas
Em terras amigas.
Quero consumir minha angústia
Até a última brasa;
Transformar minhas cinzas em versos...
Em versos de liberdade!
Luiz Luz
Poeta
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