segunda-feira, 11 de junho de 2012
Tempos de renúncia e podridão
Aqui te encontras, fatigado pelas infindas
Ocasiões em que foste esquecido,
Repousando na espessa sombra
Que provém da completa condição
Do carvalho frondoso e ancestral;
Aqui te delongas, consciente,
Sem qualquer razão de ânsia
Ou impulsionadora de vontade –
Quem rompeu a bandeira do orgulho?
Houve alguém que quisesse furtar
O refulgir que de ti transparecia?
Quem te deturpou ou te diluiu?
Quem renegou as tuas causas vitais
Ou as amordaçou nas gélidas manhãs
Destes tempos de renúncia e podridão?
À sombra do velho carvalho,
Aguardando o desgaste dos anos,
Emudece e perece o molde do Ideal
Que outrora fora o nobre motivo
Do erguer dos braços derrotados,
A inspiração de todos os Poetas,
A bravia onda que elevava os desejos
De navegantes em seus corcéis navais.
Senhores, não tolerais mais o olvidar
Da procedência de tamanho Bem,
Da semente de onde brotaram
As mais ínclitas e primordiais flores!
Pois, assim, tudo terá sido em vão,
Todo o eco perderá o seu efeito,
Engolido pelo turbilhão vasto e vazio
Destes tempos de renúncia e podridão.
Pedro Belo Clara
Poeta português
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Belo, intenso e profundo!
ResponderExcluirParabéns, Poeta!
Poema lindo, parabéns ao escritor Pedro pelos versos tão profundos!
ResponderExcluirCara Ana,
ResponderExcluirO meu agradecimento por sua leitura!
Beijos.
Agradeço seu comentário, Aridiana..
ResponderExcluir=)
Beijos.
Gostaria ainda de anunciar que este poema foi aqui publicado por ocasião do "Dia de Portugal", celebrado no dia 10 de Junho.
ResponderExcluirQuis o seu autor, portanto, usar o poema como um extenso sublinhar da importância de certos valores e ideais jamais serem olvidados por nós - principalmente nos conturbados tempos em que vivemos.
Sem memória, não há país.
Grato.