terça-feira, 6 de setembro de 2011

Meta




Ao escrever, o poeta cumpre sua meta;
Desenha, sobre as coisas, sua estética;
Expulsa do ser o que lhe degenera.

O poeta canta e segue sua meta,
A de apenas findar-se onde tudo se encerra,
A de apenas fluir-se onde não se altera,
A de despertar do sono que um dia foi quimera.

Esta vida apenas – o canto que lhe observa
O pensamento vivo – luz sobre o peito – névoa.

O poeta canta e nesse canto
De algum lugar desprendido
Segue, às vezes, arruinando
O furor do antes destemido
Homem que brotou de seus pulmões –
Mais que um sonho reprimido.

O poeta cumpre sua meta,
Meta do papel, da solidão de não ter meta;
Meta da noite, sua marca preciosa;
Meta da não-meta mentirosa...
Da ilusão sempre pressentida
E que lhe seguirá pelos vãos
D’uma caminhada indefinida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário