sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O incêndio do “eu” – II




Dentro do peito
Como uma chama acesa,
Esse Nero de outras eras,
Esse errante marinheiro do eu,
Queimando-me por dentro
A chama opaca de meu fim...

Dentro da alma,
Vazia como o olhar de uma mulher na esquina,
Esse Nero hipócrita e medroso
Insiste em levar-me para além
De um instante mitigado de fantasmas...

Um Nero acende meu peito como uma fogueira
E me deixa a boiar na noite escura
Dentro de mim, como quem desnuda
Sua face sangrenta e covarde
Do que um dia me foi, incêndio e desastre.

Um Nero flameja no meu ser...
E apenas me igualo ao que não foi.
Sou parte do todo que se esvai,
Uma lembrança apenas e um depois...

Queimando sobre um corpo qualquer,
Esse Nero, que me abre o peito,
É também como o olhar daquela mulher.

3 comentários:

  1. Também adoro o Nero! O Nero da literatura! :P

    ResponderExcluir
  2. Vamos incendiar este Estado com o melhor da nossa própria literatura. Que o Nero bom, o Nero revolucionário flameje dentro de cada um de nós. Que nossos fósforos sejam canetas e nosso combustível, o papel. Este incêndio nos chama não para apagá-lo, mas para alimentá-lo! Valeu, Camila!

    ResponderExcluir