segunda-feira, 23 de julho de 2012

Animal urbano



A sirene toca, o alarme dispara,
Late o cachorro, mia o gato.
Lá fora, no asfalto, chiclete gruda no sapato
E a menina puxa o casaco da mãe.
Passam próximas as cabeças,
Os corpos quase se chocam.
Na confusão das ruas
Tudo é compacto, apertado,
Amassado, deformado.
É errado tanto caos,
Tanta sujeira, tanto atrito,
Tanto esgoto, tanto rosto.
Mas a gente finge que não,
Que não é antinatural,
Que é até normal viver nesse sufoco,
Mendigando, com esforço, um espaço no varal.

Danielle Freitas
Poetisa

Um comentário:

  1. "cansado da vida, mas, até que é normal" - não posso contar as vezes que pensei ou ouvi essas palavras... realmente, nunca paramos pra pensar que talvez seja estranho, antinatural e etc e tal

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