sexta-feira, 20 de julho de 2012

Maria, Maria



Maria que nunca ria,
           Que nunca saía,
           Que nunca se atrevia.

Maria que não tinha tempo,
           Que não tinha sonhos,
           Que não tinha vida.

Maria às vezes lia,
           Às vezes chorava,
           Às vezes se escondia.

Maria queria um amor,
           Queria pôr o melhor vestido,
           Queria dias festivos.

Maria que nunca ria,
           Que nunca saía -
           Deixou os pratos na pia,
          As frustrações debaixo do tapete,
          As flores que já não mais se abriam.
Um dia se atreveu:
Fez as malas,
Encheu-se de coragem,
Partiu.

Maria que nunca saía,
Embevecida com a vida que nunca via,
Foi atropelada logo na primeira esquina,
Pela rua que nunca parava,
Que mais ninguém se aturdia.
No enterro,
Só seu companheiro inseparável:
O Vazio.


Rayane Medeiros
Poetisa

2 comentários:

  1. Incrivel!

    Mas ainda assim eu acho que Maria fez a escolha certa.

    Parabéns, poetisa!

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  2. Obrigada poeta!
    Pois é, ela não poderia ter feito melhor escolha! ;*

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