domingo, 22 de julho de 2012

Contorno



Aprendi na marra
O que o nó não ata,
O que o calor não mata,
O que o dó não cata.

Joguei no beco,
O que pensei ser erro,
O que esqueci, por medo,
O que soltei preso.

Descartei com fome
A dor que consome.
Bradei: qual o nome
Daquele que some?

Cortei o pano
Do amor, o insano.
Será este o meu engano:
Não ver o claro além do dano?

Rachel Nunes
Poetisa


Ilustração: Trindade, obra de José de Almada Negreiros

Um comentário:

  1. Olha, muito bom o poema, surpreso com as expreções eu diria neobarrocas - barrocas pelo trabalhado buriu da linguagem, neo pela existência das cores contemporâneas e um sentido mais apurado que os poemas brasileiros barrocos.

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