sábado, 21 de julho de 2012

Relento





Não há paz neste quarto,
Não há paz no próximo,
Não há paz em mim,
Nesta cúpula de desagrado.
Redesenhe minha vida,
Mapeie caminhos tortuosos,
Cubra-me esta ferida
Com seus feitos grandiosos...

Desisti do meu destino
Ou ele desistiu de mim?
Larguei minha mente em desatino
Ou foi ela que fugiu de mim?
Estou emudecida, pois escolhi assim
Uma decepção nem sempre é o fim
E no fim... Só resta a decepção,
Dolorosa conclusão...
Que me guia à rendição.

A fuga não é a resposta,
Mas é a única opção.
Desconheço a estrada onde piso
E sofro o peso de minhas escolhas
Que me esmaga sem piedade
Sob uma pilha de erros e mentiras.

Não há paz neste quarto,
Pois não se fez paz
Não há paz em mim...
Não me descobri capaz
De jogar fora o que me adoece,
O que me entristece, o que me desfaz.
Dizem que tudo tem sua hora
E que o tempo é o melhor remédio,
Então espero um tempo eterno
Que irá me curar deste eterno tédio.

E então o caos se instalou...
Permanente, imutável, enlouquecedor
E, ainda que louca, meus braços estão abertos
Para ti, para o mundo, para nada,
Sob meus pés não há apoio...
Em minha mente não há certezas...
Em meu coração, só acúmulo de tristezas...
E em meu rosto, um sorriso desbotado
Que diz que esse momento amargo
Não me fará fracasso, não me fará passado.

Yáskara Fabíola
Poetisa


Ilustração: Namoro - obra de José de Almada Negreiros.

4 comentários:

  1. Muito bom Fabíola, continue assim cultivando sua essência poética!

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  2. Ótima poesia.

    Há algo de muito belo no que escreves.

    Parabéns!

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  3. É bom ver comentários como esse aqui, pois apesar do blog se chamar "novos poetas", vejo muita gente pra lá de experiente, enquanto eu estou dando ainda os primeiros passos, então, muito obrigada.

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  4. Novos poetas são como o "pomo de ouro"(H.P.), pois assim que o seguramos em nossas mãos, vencemos!

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