domingo, 28 de agosto de 2011

Cheiro, você




de M. Grenouille a Beatriz

Seu sangue tinto é vinho, ferroso cheiro da lâmina
Engoli cem sílabas do seu hálito sem mastigar o perfume de uma vogal
Cheirei sua respiração enquanto dormia, deliro a cada resfolegar
Oleosos olhos castanhos, cabelos de cachos inebriantes
O vento que beija seus caracóis entorpece e engana meus sentidos
Seus pelos mais novos ainda têm o cheiro da sua derme
Você é a última virgem, a essência, eu, um assassino
Vou mais longe e tento cheirar suas entranhas para descobrir a fórmula do amor.

Aníbal Mascarenhas Filho
Poeta


Ilustração: Foto do blog http://fernandadocepimenta.blogspot.com

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