Certa noite, eu sonhei que era uma estrela.
Tinha vontade de viajar e conhecer o novo;
Queria novos sabores - quem sabe até amores...
E num mero instante, me fiz cadente.
Vaguei por muito tempo e parei no céu das arábias.
Conheci estrelas verdadeiramente sábias;
Daquelas que só tinha visto nos livros...
E lá recebi seus conselhos.
Lá me falaram das estrelas que viviam no mar.
Em princípio, duvidei: como podem viverem lá?
Não sentem falta das nuvens, do sol, e a lua?
Então me falaram: o mundo tem muito mais.
Desde então, passei a sonhar;
Sonhar com o céu que há no mar.
Luiz Luz
Poeta
O amor
Tenho medo do amor.
Tenho medo de suas
Crises ensandecidas.
Não tenho medo
Da morte, nem da vida
Que gritam seu aleluia
No silêncio
Das horas esquecidas.
Viver me causa
Espanto, somente.
Um espanto assim...
Cheio de excitações.
Reflexiva,
A vida passa e
Nesse instante
De fecundidade
A robustez do tempo
Crava em meu peito
Marcas de um viver
...embrutecido!?
O amor me causa
Inquietações,
É verdade!
Mas preciso dele
Para (sobre) viver.
Itamir Vieira
Poeta
Molduras
Um dia cansado, exaustivo de molduras montadas pelas ruas.
Meus singelos pensamentos me pegaram.
Meu amor estivera na tênue linha da infelicidade.
O acaso tomou conta de mim.
A necessidade da aceitação do que eu tinha nas mãos.
Sorrisos, aquela música, um belo dia.
Eu me perdi! Eu amei.
A bruta flor do querer, a magia do ser.
Não existe mais lugar em mim para o vão.
Eu quero ganhar, eu quero moldar, eu quero ser.
Quero ser aquela tarde primaveril daquele quadro.
Quero ser o muro pintado de cinza.
Nem branco nem preto, apenas cinza.
Carlos Felipe
Poeta
Palhacinho
De cara pintada, sorriso minguado
Vivendo piadas que lhe foram impostas,
Diverte o público com seus olhos aguados,
Encara as perguntas sem querer a resposta.
Vive a política do Império Romano,
Alegria do circo e dos seus domadores,
Que observam, atentos, por baixo do pano
De gola branquinha, respeitáveis senhores!
Não revela nem nega o dom verdadeiro
Mas vive fingindo-se de surdo e de mudo.
Adorável palhacinho, em seu picadeiro,
Vivendo as cenas de um completo absurdo!
Ana Rita Dantas
Poetisa
Reflexo
Teu rosto, reflexo
Que clareia a mim
Momentos, instantes,
Palavras, desejos
Que roubam meu sono
E me deixam assim.
Reflexo escondido
Que surge e se vai,
Mas deixa no peito
Vontade, tumulto,
Lembrança sofrida
Que em mim se esvai.
Teu rosto, reflexo
Do bem e do mal,
Alegra-me, enoja-me,
Perfura meu peito
Com um tiro fatal.
Aridiana Dantas
Poetisa
Ilustração: Salvador Dali
Poemas publicados no quadro Novos Poetas, GAZETA DO OESTE - www.gazetadooeste.com.br - caderno Expressão deste domingo, 14 de agosto
Bravo!! Que belas poesias. De muitíssima qualidade! Bom ver o Luiz Luz aqui nos #NovosPoetas! Parabéns a todos!
ResponderExcluirVocê conhece o Luiz Luz? Resolvi publicar este poema dele. Ele nem sabe! rs Mas acho que não ficará bravo, não. Gostei do trabalho dele. Precisamos deste poeta também. Diga-lhe que mando meus parabéns!
ResponderExcluirMário, mais uma vez te agradeço pois vejo mais um poema meu aqui neste blog maravilhoso. Obrigado!
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