quinta-feira, 25 de agosto de 2011
O aniversário de minha morte
Não, não vos falo do além, se é possível
A carne, a tenho em estado perfeito
E, a contragosto, ainda sinto no peito
O palpitar d’um órgão desprezível.
D’outra morte padeci, mais terrível
Que a do que dorme em derradeiro leito
E, de bom grado, mais rogo que aceito
Que em mim sele a condição perecível.
Avesso ao que rege o instinto, pelejo
Contra a vida, e mesmo cogitaria
Por minhas mãos dar-me o sono que almejo...
Em estar vivo, não me há serventia
Se, no amar, esperança alguma vejo
Que razão, pois, no viver mais veria?
Pedro Mota
Poeta
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Pedro, um soneto muito legal, bem construído. Colabore sempre com o blog. Grande abraço.
ResponderExcluirParabéns, Pedro Mota!
ResponderExcluirSonetos tão belos como esse e "Num nebuloso breu de noite fria" são raros e preciosos.
Confesso que conheço alguém que escreve nesse mesmo estilo, por sinal as idéias são bastante semelhantes (coincidência, não?). Bom se você quiser depois eu te mando alguns escritos dele, acho que você irá se indentificar bastante.
Agradeço aos dois pelas palavras. E, à moça sem nome, gostaria sim de ler este autor de quem fala. De quem se trata? Continuarei colaborando sim, Mário, com toda nostalgia e lirismo que conseguir espremer desta alma errante que insiste em não me deixar.
ResponderExcluirEstes são o link dos blogs dele. Acho que você vai gostar muito...
ResponderExcluirSim, meu nome é Ana Rita.
http://kyrieleisao.blogspot.com/
http://opusculohermetico.blogspot.com/
Obrigado, Ana Rita. Visitarei os blogs.
ResponderExcluirPedro, estou encantada com esse soneto. Estava dando aquela velha passada pelas postagens e me deparo com esta maravilha que pelo título já me chamou a atenção. Parabéns, muito bonito mesmo!
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