Eu sou aquele que brota do seco chão do sertão,
O índio que canta as mágoas da floresta queimada,
Da gelada indústria sou a rude exaustão,
O mendigo que dorme sobre a fria calçada.
Sou a incerteza do camponês nordestino,
O sofrimento da mãe à procura do alimento da cria,
Do menino de rua sou o corpo franzino,
A pré-adolescente que aos 12 procria.
Sou aquele que respira o ar poluído
Que representa a riqueza da selva de pedras,
O que ouve calado o mais alto ruído
Escalando edifícios e resistindo a queda.
Sou a voz abafada da mais pura indignação,
O discurso inflamado da educadora que clama,
A incerteza que se dilui em insatisfação
Os sentimentos pisoteados e jogados na lama!
Sou aquele que luta sob o sol escaldante,
A fria rotina do operário oprimido,
O amanhã incerto do exausto retirante,
A precoce morte do “menino bandido”.
Sou a mistura de todas as divergências,
A combinação das raças em uma só etnia,
Sou das autoridades a inabalável consciência,
A emoção engasgada que aos poucos atonia!
Sou a essência comum que nosso povo partilha
As esperanças que se transformam em um só coração;
Sou brasileiro e filho da mãe e do pai de família
Que fornecem a energia pra mover esta nação!
Ana Rita Dantas de Lira
Poetisa
Foto: http://meninadaluaimagens.blogspot.com
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