(Cordel em septilha para dois violeiros)
Um dia ouvi falar
De um cabra horroroso
Que estava a cavalgar
Com seu cavalo vistoso
E avistou a caminhar
A moça que ía apaixonar
O seu coração teimoso
O cabra se chamava Tonho
E a menina Janaína
Ele bruto e medonho
E tão linda era a menina
Que parecia até piada
Ver de longe a serenata
Que ele fez lá na esquina
Ela abriu a sua janela
E viu o Tonho cantar
Tocando violão pra ela
E um verso recitar
"Peço todo seu amor
Pois sem ele o tocador
Desaprende a tocar"
Janaína até queria
Dar a Tonho cabimento
O problema era seu pai
Homem muito ciumento
Que ouvindo a seresta
Foi acabar com a festa
Naquele mesmo momento
Chamou Tonho para a briga
Pois queria sua vingança
Disse que era ousadia
Ter criado esperança
De um dia a ter nos braços
E até se unir em laços
Com a sua bela criança
Tonho usou a cabeça
E falou com o coração
Disse ao pai de Janaína
Qual era sua intenção
"Garantia eu lhe dou
De a tratar com todo amor
E toda a dedicação"
Janaína foi depressa
Resolver a situação
Ao seu pai pediu cautela
Com o moço do violão
Que cantando demonstrou
O sentimento que ganhou
O seu jovem coração
A cidade se espantou
Com o acontecimento
Mas faltava 'inda algo mais
Para aquele momento
Tonho disse à Janaína
"Venha ser minha menina
Eu te peço em casamento"
Então o pai de Janaína
Comoveu-se com o pedido
Disse ao Tonho que deixava
Que ele fosse o marido
Da sua única filha
E que a festa faria
Pra selar o ocorrido
A festança foi bonita
Para os recém-casados
A mãe da noiva chorou
Pelo sonho realizado
De ver a filha casada
Suspirando apaixonada
Pelo príncipe encantado
Depois de feito o casório
A história se espalhou
Do horroroso vaqueiro
Que a moça conquistou
Com bastante ousadia
Lutou pela companhia
De seu verdadeiro amor
Um matuto magro e feio
Com a moça mais bonita
Se eu contar esse causo
Acho que ninguém acredita
Bem difícil sei que é
Mas um homem que tem fé
Mete a cara e conquista.
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