sexta-feira, 29 de julho de 2011

Perito


A crueldade humana é como necrotério
Em cada gaveta está um sentimento 'morrido',
por fome de amor e sede de humildade matado,
por ausência do olhar solidário ao reflexo desconhecido.

Por que campos o homem terá andado
para contrair tão infestioso vírus?
Cada dia mais humanos são desumanizados
Cada dia, do calor de um sorriso franco, destituídos.

Não se sabe para onde vão os 'corpos' liberados
para dar lugar aos novos 'empodrecidos'.
Por trás de cada assassinato ou suicído,
Corações perturbados, roubados da paz do paraíso.

Agora estão separadamente em formol convervados
os sonhos, a tolerância e o altruísmo.
Neste mundo não há condição mais fétida e sofrível
Do que ser de cadáveres ambulantes, um perito.

4 comentários:

  1. Eu achei este poema a 'cara' de Ellen Dias...

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  2. Achei este quarteto extraordinário:

    Por que campos o homem terá andado
    para contrair tão infestioso vírus?
    Cada dia mais humanos são desumanizados
    Cada dia, do calor de um sorriso franco, destituídos.

    A poesia é isso: uma eterna busca através das perguntas mais complexas...
    Belo poema. Parabéns!

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  3. É, Camila, parece que me conheces muito bem, adorei. Parece feito pra mim, rs.

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  4. É a poesia, Ellen, a poesia faz isso com as pessoas - enxergar além.

    Obrigada, Mário! Sua crítica é sempre enriquecedora!

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