A poesia me domina
Apodera-se do meu ser
O eu instrumento apenas obedece aos seus caprichos
A poesia transporta-me
Refaz-me, afasta-me do eu lixo
Pedaços de mim espalhados pela casa
Parecidos com os sapatos, livros e versos esquecidos nos vãos da sala
A poesia inquieta-me
Apossando-se de mim a cada instante inoportuno, inesperado
Largo o cigarro pela metade,
Paro a música,
Esqueço a conversa
Pois tudo em mim agora é voltado só pra ela
E quando vejo já se foi,
Após expulsa da garganta,
Transportada para o papel,
Regresso então a mim.
A poesia consola-me
Fala por mim aquilo que não tenho coragem
A poesia se escreve por si mesma,
Sendo o poeta apenas um servo,
Mero instrumento de seu descaso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário