quinta-feira, 21 de julho de 2011

Mulher-Vinho


Eu digo que és vício vencido
E repito este dito noite adentro
Bebo um pouco do teu vinho
E continuo sedento

Eu digo que estou distraído
Quando estou embebido:
Em teu riso mergulhado
Afogado em teu veneno

Eu digo que não me envolve
Com teu perfume e tuas manhas
Tomo mais um gole de desejo
És do fogo: a lenha e a chama.

Eu digo que não te procuro,
Num (des)encontro, te acho
No brilho fulminante
Da taça de teus olhos escuros

Eu digo, redigo e me flagro
Refém do meu discurso falido
Cedo a todos os teus caprichos
De teu encanto embriagado

Te querer sem ser querido
E te adorar em pensamento
Me torna ainda mais possuído
Por teu viço roxeado e encorpado

És mulher-vinho
Por tua liquidez sou tomado

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